Eu Vejo Deus


Não contemplarei em vão toda essa beleza do céu, o curso regular dos astros... Não os contemplarei para excitar uma inútil curiosidade, senão que me servirei deles como de degraus para elevar-me ao Imortal, ao Imutável”. A frase do teólogo e filósofo da igreja primitiva; Agostinho, revela a ardente expectação por conhecer Deus, por glorificá-Lo através da criação. Como poderia existir tanta perfeição e ser simples obra do acaso? Davi, no Salmo 19 exclama: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Não há linguagem, nem fala onde não se ouça a sua voz” (versos 1, 2,3)

Deus é o bem e ainda que muitos homens se neguem a enxergá-Lo, Ele está a se mostrar, porque é impossível escondê-Lo. Ele palpita por todo o universo como um coração que pulsa, pulsa... Deus é a vida. Ele é quem mantém os céus estendidos, a terra firme sob os nossos pés, a brisa, o sol em seu lugar, as águas em seus limites, os homens a ir e vir, povoando países, falando línguas diferentes, construindo culturas e ainda assim, apesar dos limites geográficos e distância que os separam, sendo tão iguais.



Para qualquer lugar que nos viremos, existirão pessoas parecidas conosco: Que gostam de beijos, abraços, carinhos, pizzas, sorvetes... Pessoas que aplaudem ao mesmo tempo, como se tivessem combinado, ou obedecessem a uma batuta de orquestra. Mas não: é porque se pensou igualmente: O formidável alcançou o coração da platéia, onde Deus pulsa, pulsa... e os aplausos começam e terminam ao mesmo tempo. Por quê? Por que a exemplo de milhões de pessoas no mundo gosto de beber coca-cola? Quem me disse que preciso escolher esta marca? O marketing, o sabor? Não sei, só sei que muitos agem como eu. Não seria porque Deus, pulsa, pulsa... Até quando meus hábitos me acusam?

Não sei explicar porque sob toda a terra, chamamos de pai aquele que fecundou e de mãe o ventre que acolhe. Quem me ensinou? Quem ensinou aos que por este planeta chegaram primeiro? Por que será que sorrio quando sinto alegria, choro quando estou triste, me calo quando não tenho resposta? Quem me fez assim? Por que tenho estes sentimentos que traduzem meu ser? Por que bebês choram quando nascem e precisam de tempo para aprender a falar?  Por que seios amamentam? Quem fabricou o alimento mais perfeito e saudável para os recém nascidos? Nem mesmo a Nestlé consegue imitá-lo.

Quem fez o paladar? Quando sei que o amargo, não é doce, nem o doce amargo? Como consigo decifrar o delicioso gosto de uma galinha caipira ao molho? Quem criou este órgão capaz de captar tantas espécies de sabores diferentes?  Por que também sinto aromas? Aloés, Camomila... Por que o cheiro de Alfazema me conduz a lembranças da infância? Como meu cérebro consegue chegar lá tão rápido, se já se passaram tantos anos? Não seria por que Deus pulsa, pulsa...?

Se sou louca porque acredito, quero morrer nessa loucura. Até que por fim, me encontre no Paraíso, contemplando Aquele por quem meu coração pulsa, pulsa...

Por Wilma Rejane

Imagem: Ronald Peret. Encontrei a foto após intitular a postagem o autor a nominou de: I saw God everywhere "Eu vejo Deus em todos os lugares". É uma criança brasileira.

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