Uma Análise Sobre a Tragédia em Realengo



 Wilma Rejane

Na manhã do dia 7 de Abril, o ex-estudante da escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo,  Wellington Menezes de Oliveira, adentra o recinto sob alegação de fazer uma palestra e munido de dois revólveres calibre 38 atira em alunos de faixa etária entre 9 a 13 anos,  cursantes do ensino fundamental. Até o momento,  relatórios apontam para a morte de 10 meninas e dois meninos e mais 14 feridos.

Apesar do “bombardeio” da imprensa sobre o assunto, do sensacionalismo que por vezes ignora a dor da perda em troca de ibope, ainda vejo muitas questões a serem esclarecidas nesse triste episódio. Por esse motivo, não me sinto com autoridade para aprofundar-me no assunto,  contudo darei minha opinião sobre o acontecido por julgar necessário a não omissão. Muito se comenta sobre o perfil do atirador: “louco, monstro, psicopata”,  todavia creio que a tragédia não foi fruto apenas do fator doença de Wellington, mas de uma série de casos e descasos.

O atirador de Realengo,  a quem todos chamam de louco, é também uma vitima. É claro que nada justifica a atrocidade, tamanho ódio e desgoverno,  Wellington porém,  reuniu em si o terror da indiferença. Um monstro sim, que poderia tornar realidade a fictícia palestra que convenceu uma professora a deixá-lo entrar na escola: Adotado, doente, rejeitado, triste, isolado, obcecado, esse quadro tinha chance de ser mudado. A palestra que nunca aconteceu contaria a história de alguém que venceu, apesar dos pesares. Mas não. O jovem se deixou moldar pelas mãos entediantes do mal.

Como professora do Ensino médio  (e ex-professora do fundamental), presencio diariamente a ação do bulling. Sinto de perto a perversidade humana que brota nos corações de crianças e adolescentes que deveriam estar ainda descobrindo a vida,  vivendo a beleza da infância, mas por questões que fogem ao domínio da escola, essas perigosas divergências de preconceitos se instalam no cotidiano advindas principalmente do ambiente familiar. Sinto a dor daqueles alunos e dos familiares como mãe e professora que sou; como cidadã.

Me revolta o fato de a custo de sangue, voltarem os olhos para a educação: apontando falhas de segurança e culpando professores - pasmem!.  Enoja-me o fato de deputados se reunirem em momento tão critico, para visitarem a escola sob alegação de discutir o massacre e encontrar soluções. Demagogia!  Pose para as câmeras!  Educação não é prioridade nesse país! Esses deputados poderiam se reunir no congresso para proporcionarem  melhores condições de ensino, mas  escolheram se reunir em Realengo porque é lá que está o foco das atenções. Vergonhoso!

Em Busca de Melhorias

Seria bom que toda escola tivesse psico pedagogos, psicólogos ou mesmo psiquiatras para em trabalho conjunto com as famílias, tratarem os casos nessas áreas. Quem sabe, um órgão com atendimento gratuito servindo exclusivamente pais e alunos, já que esses serviços custam caro e nem sempre é possível o fácil acesso nas redes públicas de saúde. Sem investimento na educação e na família, não há crescimento qualitativo.  Ex Presidente Lula, ao ser indagado sobre a tragédia disse: "É preciso saber o que está acontecendo com a nossa juventude, é preciso repor esperanças”. Quem sabe no meio disso tudo surja uma política de valorização a juventude através do ensino?  Se é para  repor esperança, vamos nessa! O túnel tá escuro mas há sempre uma maneira de se lançar luz!

Porte de Armas

Questiona-se com exaustão a facilidade do porte de armas no Brasil. No fervor dos acontecimentos até prenderam os homens que venderam as armas para o assassino de Realengo. Vai ser rápida a passagem deles pela polícia, é só o caso “esfriar” que os dois entrarão em liberdade. Quem sabe, antes disso. É bom que justiça seja feita, que o mal seja combatido, mas vejo que esses vendedores de armas estão servindo de “bode expiatório”. Tem gente grande, graúda comercializando armamento pesado, totalmente impune.

Quando a polícia invadiu o complexo do alemão em Novembro de 2010, encontrou fuzis, arma de calibre 762 e com tecnologia de raio laser, nem mesmo o exército tem esse poderio bélico. Tá,  é mercado ilegal, mas quem se importa? Sem contar que até bomba atômica iraniana tava no meio das apreensões. Alguém ouve falar em campanha rigorosa de desarmamento no Brasil?  Em política de segurança pública que realmente dê segurança ao cidadão?

Uma pessoa com distúrbio psicológico, emocional e espiritual, com arma em punho é um perigo. Porém, não adianta culpar o mercado de armas por essa tragédia. De outra forma, seria necessário proibir e coibir completamente o armamento.

“Entre 2004 e 2005, durante uma intensa mobilização pela entrega de armas, o governo recolheu 500 mil revólveres, pistolas e metralhadoras. No entanto, calcula-se que ainda exista uma arma ilegal para cada uma das mais de sete milhões registradas na Polícia Federal.”

E já se passaram seis anos desde a última campanha...

Religião

Também não concordo com os que procuram associar o comportamento terrorista ao fator religião. O fundamentalismo é irracional e nocivo em qualquer segmento. Não tenho dúvidas de que Wellington sofreu influência de radicais islâmicos, a julgar pelo teor da carta encontrada e das declarações da família:

O irmão lembra que Wellington ficou muito impressionado quando terroristas atacaram as torres do World Trade Center e o Pentágono nos Estados Unidos, em 2001. Ele teria começado a fazer comentários estranhos. ’Eu estou com vontade, por exemplo, de destruir um avião, como o outro fez nos Estados Unidos’. Ele fazia muitas pesquisas a respeito de tiros, algumas coisas dessa forma daí”, disse o irmão.

“Os que cuidarem de meu sepultamento deverão retirar toda a minha vestimenta, me banhar, me secar e me envolver totalmente despido em um lençol branco” - Trecho da carta deixada por Wellington.

No funeral islamico, os mortos são despidos, banhados e depois cobertos com lençol.

Essa influência pode ter sido adquirida através da internet, sem necessariamente ele ter freqüentado a religião. Mas daí a culpar o Islamismo pelo acontecido, não convém. Islâmico, cristão, pagão, o que for, cada sujeito é responsável por  seus atos e responde individualmente por eles.

O triste é que verdadeiros combates são travados em fóruns e outros ambientes virtuais, na tentativa de convencer que o rapaz se valeu de alguma religião para praticar o crime. Um irmão de Wellington, identificado apenas como "A" e que dirige uma instituição filantrópica umbandista chamada Casa afro - cultural e assistencial São Jorge, em entrevista afirmou: “ Ele tinha obsessão pelo Velho Testamento da Bíblia”.

Querem a todo custo imprimir uma marca religiosa nesse massacre, porém não é a religião que provoca as aberrações de ordem social e sim o uso que se faz dela. A Bíblia, nem no Antigo nem no Novo testamento induz pessoas a entrarem em escolas atirando. Se Wellington tinha fixação pelo Antigo Testamento – o que acho improvável – era sabedor do mandamento: Não matarás.

O Alcorão também não traz essa idéia de mártires terroristas. Os ensinamentos fundamentalistas de abrir fogo contra os inimigos e depois se matar faz parte de uma interpretação apócrifa contida no livro de tradições islâmicas com o nome de Bukhari (Volume 4, Livro 52, Número 220). A colecção "Sahih Bukhari" é considerada pelos muçulmanos como a mais fiável junção de tradições.

 Muhammad  haveria prometido o paraíso a quem morresse como mártir:

    No dia da batalha de Uhud, um homem veio ter com o profeta e perguntou:

      - Pode me dizer para onde irei se fôr martirizado?
       -O profeta respondeu: Para o Paraíso.

O homem então lançou fora algumas das tâmaras que carregava na sua mão, e lutou até ser martirizado. Bukhari Volume 5, Livro 59, Número 377.



Quem é o culpado pelo massacre na escola em realengo? 

Existe muita desgraça nessa história,  também muitos culpados. Os verdadeiros inocentes são os que morreram. O que resta para nós é chorar a perda e a incapacidade de evitarmos certas tragédias. É nos voltarmos intensamente para Deus, com o propósito de cumprir Sua vontade aqui na terra a fim de amar sem reservas os que aparecem em nosso caminho, somente assim haverá meios de converter corações vazios e preenche-los com vontade de servir ao bem. Wellington frequentou religiões, mas não chegou a conhecer o poder transformador do amor disponivel para o mundo através do Evangelho. Em Cristo Jesus reside o descanso para os oprimidos, essa felicidade gratuita que emana da graça, alcança a todo que se volta para ela. Foi uma grande tragédia que se abateu sobre a escola no Realengo.  É trágico também  saber que existem muitos "wellingtons" espalhados mundo afora, invisíveis, necessitando urgentemente de socorro. Que o Espírito Santo console os enlutados e resgate para si os cativos de espírito a fim de tornar o mundo um lugar menos perigoso.


Todas as fontes estão citadas como links no artigo.

11 comentários:

Luciano de Paula Lourenço disse...

Irmã Rejane, o comportamento desse jovem não foi oriundo do bulling sofrido na escola. Aliás, pelos comentários de seus colegas ele era um jovem que conversava e brincava normalmente, apenas um pouco introspectivo. O seu comportamento insano adveio da maldita influência islâmica. O islamismo prega o ódio e o homicídio. Um dos pilares desse regime é a jihad: "matar judeus e cristãos". Não poupa ninguém, nem mesmos os inocentes. Veja o que aconteceu recentemente em Israel: uma família inteira, três inocentes crianças e seus pais foram massacrados por seguidores de Maomé. O governo brasileiro deveria impedir que a influência islâmica(religião do terror) impregnasse o nosso país.
Um abraço!

Anônimo disse...

Obrigada por trazer assuntos que a midia "sensacionaliza" para um lado tão lógico e de fácil compreensão para nós cristãos!
Continue sendo este canal!
Que Deus te abençoe muito.
Sonia Minucelli - Arapeí/SP

Maurício de Souza Lino disse...

Bem,o desarmanento deveria ser feito primeiro, no interior de cada um. Depois,sem oração e coerência de vida cristã, não existe bem-aventurança.

Wilma Rejane disse...

Oi Irmão Luciano!

A edição de hoje da Revista Veja traz matéria exclusiva com depoimentos de que Wellington sofreu bulling na escola e até no trabalho. Contudo, não atribuo a isso o fato dele ter assassinado as crianças, nada justifica. Se todos que sofressem bulling saissem por aí cometendo chacinas a população seria drasticamente reduzida.

Concordo sobre a nocividade do fundamentalismo islamico, mas por que eu e você não somos influênciados por ele? Veja, o atirador do Realengo tinha problemas de ordem psicológica, tanto que iniciou um tratamento e depois abandonou. Aqui mora o perigo. Na união da loucura com o ódio.

A jihad taí , mas só ingressa nela quem já traz consigo algum tipo de desequilibrio. Tem uma causa primeira, um fator desencadeador.

Obrigada Luciano.

Deus o abençoe.

Wilma Rejane disse...

Olá irmão Fratermaurício !

Falaste pouco e disseste tudo:

"porque do coração procedem os maus pensamentos , mortes, adultérios,prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" Mt15:19.

Obrigada por sua sempre agradável companhia.

Em Cristo, que nos guarda.

Wilma Rejane disse...

Oi Sonia!

Eu já estava pensando em publicar algo sobre o caso quando um amigo blogueiro muito querido me cobrou:

"Não se omita, você tem muitos leitores, fale, dê sua opinião". Daí: Mãos a obra.

Obrigada irmã.

Grande abraço, no amor de Jesus!

Anônimo disse...

Acho que faltou a familia a mãe é tudo,biologica eue o abandonou e a mãe adotiva que faltou tambem influenciou na transformçao rapida
para uma mente assassina e a forma como cometeu a insanidade.A mãe presente exerce um poder divino em nossa mente na busca pelo BEM.

Wilma Rejane disse...

Em Tempo:

O Programa Fantástico, da rede Globo, do dia 11 de Abril, divulgou conteúdo de cartas deixadas por wellington em sua casa. Nelas, o rapaz afirma trabalhar para Osama Bin Laden e ter ligação com grupo fundamentalista islamico.

Registo aqui minha opinião sobre isso:

Wellington era esquizofrenico (segundo laudo médico emitido ainda na infância), e o pior: não tomava medicamento , nem tinha acompanhamento médico.

Algumas das características da doença são:

- Delírios
-Alucinações
-Pensamento desorganizado.

Penso que tudo é fruto da mente perturbada de Wellington Menezes, mas como a imprensa gosta de sensacionalismo, fala em "ligação com extremistas islamicos".

Usando o bom senso:

Sabemos que grupos islamicos ligados a Bin Lader, são bem armados e dispõe de arsenal bélico.

Wellington matou as crianças com uma arma calibre 38, comprada ilegalmente a um chaveiro.

Tentou sozinho fabricar explosivos e acabou desistindo.

E o grupo fundamentalista islamico não foi capaz de emprestar um fuzil dos seus estoques, nem "dar uma mãozinha" na fabricação dos explosivos?

Só pra refletir.

Wilma Rejane disse...

Hoje, 11 de Abril, ao ler as manchetes de alguns jornais on-line, encontro muitos artigos afirmando que o atirador de Realengo é mulçumano e terrorista.

Também encontro artigos, que considero bem mais sensatos desmentindo as manchetes citadas acima e apresentando provas. Por exemplo: A carta deixada por Wellington Menezes, é idêntica a deixada por um dos terroristas que implodiu as torres do Word Trade Center, Mohammed Atta:

Você pode ler o artigo neste link:

http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/carta-de-atirador-se-parece-com-a-deixada-por-terrorista-do-11-de-setembro-20110407.html

Acentuo minha opinião de que esse rapaz planejou por muito tempo o ataque a escola e encontrou suporte para agir através do conhecimento obtido na internet.

O fato de ele ter frequentado mesquita, não implica ligação com grupos terroristas.

Novos fatos vão revelar a verdade.

CHIICO MIGUEL disse...

Wilma,

É fácil dizer quem são as vítimas: Umas morreram na flor da idade, sem saber por qual razão foram agredidas, com armas mais pesadas do que as que elas poderiam usar, se viessem a praticar o bulling contra Wellington, coisa impossível, visto que não era mais aluno. Quem fez o bulling de que se queixa o assassino foram outros, se é que não mentiu - os doentes como ele mentem muito. E mesmo que ele tivesse agido contra os que lhe fizeram supostamente o mal, seria uma covardia tamanho crime. Não julguemos o Wellington, ele é um pobre coitado que só veio ao mundo para sofrer e fazer os outros sofrerem, deixar a mancha de sua passagem entre os inocentes.

Mesmo porque não devemos julgar ninguém. Os juizes da terra julgam em nome de Deus, e Deus julga em nosso nome e no seu, em favor de todos (a justiça é um bem) e pelo seu próprio e benéfico poder.

Outro parágrafo: Fácil também é dizer quem é ou quem são as vítimas. Somos todos, porque o mundo é um tecido de relações do qual ninguém escapará, falo do mundo social. O mundo físico é de Deus, ele o fez e entregou-nos, dando-nos a liberdade. E graças a essa liberdade é que muitas coisas a educação formal não pode resolver: Obrigar quem quer que seja fazer tratamento, tomar remédio, etc. etc., principalmente se já chegou a adolescente - e a adolescência hoje chega muito cedo, mais ou menos a partir dos 10 anos. Uma pequena sugestão, entende?

Sua matéria - uma espécie de reportagem sobre o assunto, você é jornalista e sabe disto - sua matéria está excelente, comparável às melhores que já li sobre o assunto, e foram muitos - menos a da Veja - que ainda vou ler. Parabéns por ela e por outras que tenho lido. Muito seguras suas opiniões com relação à religião, o que era de esperar, visto que conhece a matéria profundamente, como pessoa e como profissional (professora).

Enfim, se tiver um tempinho, leia a minha: - Apenas um artigo de opinião, mas que o fiz com o maior cuidado, com pesquisa e tudo mais, porém sem querer arrotar intelectualidade nem saber. Dei minha opinião baseada no que aprendi e no que vivi. Abaixo vai o link, para facilitar:

http://franciscomigueldemoura.blogspot.com.

Wilma Rejane disse...

Sogrinho,

O senhor é um homem muito bem informado de tudo e é sempre uma alegria receber um elogio seu, em humildade.

Fiz essa matéria no Sabado à noite, publiquei no Domingo pela manhã e ainda não tinha visto as manchetes dos jornais nem a Revista Veja, que folheei à tarde em ida ao supermercado. Não me baseei em opinião de terceiros, mas em minha própria analisando as notícias dadas no fervor dos acontecimentos.

contudo, vejo que esse artigo ainda está atual,não fui desmentida quanto aos fatos, pelo contrário, a polícia acaba de encerrar as investigações, e destacam um dos fatos que me chamou àtenção desde o princípio:

"Como, alguém que diz ter relação com grupos terroristas e Al Qaeda e usa uma arma calibre 38 para praticar o crime?"

http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/policia-descarta-hipotese-de-relacao-entre-atirador-de-realengo-e-grupos-terroristas-20110413.html

Obrigada sogrinho. Vou lá ler seu artigo.

Deus o abençoe.