O Conflito Entre Fé e Obras



"Pai, onde está o cordeiro para o holocausto? Meu filho, Deus proverá"Gn 22:7-8

O que é fé? Pessoas, de várias religiões, responderiam de maneira diferente à indagação. Para o budista, a fé estaria no esforço, para alcançar o Nirvana, na obediência a doutrina das boas ações e da harmonia nos caminhos da vida. Para o Hindu, fé, pode representar, um ritual de purificação no Rio Ganges. Para um católico romano, a fé, poderia ser representada na visitação ao santuário de Aparecida. O que leva as pessoas a buscar o transcendente? Uma resposta, satisfatória, poderia ser encontrada, no desejo contínuo que o homem tem de encontrar satisfação pessoal. A felicidade, estaria condicionada a esta busca.

Aonde começa a fé? No exterior, ou no interior do ser? Posso afirmar que um ritual de recitação de mantra, me desperta a fé? Ou é a minha fé que me faz crer na recitação? O assunto, pode parecer complexo, e é. Porque, costumamos confundir fé, com tradição, com sacrifícios, rituais. Alguém diria. Sim, a fé é tudo isto, porque sem fé, não pratico o que acredito. O problema, é que a pratica, nem sempre, está ligada a fé, mas a um ato de repetição. A condicionalidade de uma cultura, em que me insiro. A cultura, me influencia, eu, por sua vez, sou influenciado por ela.

Religião, cultura, tradição, estão ligados ao transcendente. Não significa, que estejam ligados a fé. Um monge budista, pode recitar mantras horas seguidas, até chegar a um estágio de não consciência. Mente e corpo, se transformaram, através do exercício transcendental. Agiu por fé? Eu diria que não. Agiu por religião. Em obediência as doutrinas. Um ato, que se repete, e me impele a superar meus limites. Aqui está, a chave: A fé, não se revela na capacidade humana. Mas, na incapacidade. Não está ligada a sacrifícios, mas ao invisível. Não é a minha condição humana que condiciona minha fé, ela, não pode se limitar ao campo natural. Mas, é a minha fé, que me faz viver, acima da minha natureza humana.

"Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Tg 2:14

Conta a tradição, que Martinho Lutero, teria rasgado este trecho das Escrituras. Um sacrilégio que acredito, não ter sido cometido. Ele, que pregava a salvação através da fé, agora se deparava com "fé e obras". Seria uma contradição? Não! De maneira alguma! Lutero não teria lutado com tanta veemencia, se acreditasse apenas na fé, sem obras. Ele, que combateu as obras do clero católico Romano. As indulgências, as irregularidades do "cristianismo" da época. Se ele, combateu as falsas doutrinas, é porque, acreditava que a fé, genuína, pura, em Cristo Jesus, deveria conduzir às boas obras. Daí, a Reforma.

A fé, é a priori ( vem antes, primeiro), das obras. O apóstolo Paulo, em carta aos Gálatas, recitou: "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mais Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim" Gl 2:20. Paulo, tinha uma priori que o conduzia a pratica das boas obras: "A fé em Cristo Jesus". Lutero, teve uma priori, que o conduziu a contestar: "A fé em Cristo Jesus". Qual está sendo a nossa "priori"? As obras, de todo e qualquer homem, podem significar muito ou nada para Deus, vai depender do motivo primeiro, da motivação do coração. Estas obras, podem conduzir a salvação, ou a condenação.

"Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" Ef 2:8

O que significa este versículo? Que, nenhum homem é capaz de salvar a si mesmo. Nenhuma obra humana, conduz a salvação. E aqui, a justificação do que disse anteriormente: "A fé revela a incapacidade humana". Esta é a fé verdadeira. Ela me diz que sou insuficiente. Que dependo unicamente de Deus. Que n'Ele, por Ele e através D'Ele serei salva. E que, quando for salva, irei praticar as obras da salvação. Porque minha motivação será verdadeira. Assim como aconteceu com Abraão, Issac, Jacó e com todos os crentes, em Cristo Jesus.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem" Hb 11:1

Os que vivem pela fé, apalpam o invisível, como se este, fosse visível. Na alegria e na tristeza. A fé, verdadeira, produz a convicção da salvação. Creio que há um Deus, uma Vida Eterna e uma vida abundante aqui na terra. Nunca vi a Deus, nem a Eternidade, e muitas coisas me faltam, porém, creio, me alegro, prossigo e vivo, abundantemente. Eis aqui, o mistério, entre fé e obras.

Na Bíblia, encontramos o relato de Cornélio (Atos 10). Ele era um homem muito caridoso:"fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus" At 10:2. Suas obras, eram boas, certamente, porém, não foram suficientes para conduzi-lo a salvação. Deus, se agradava de Cornélio, ele tinha fé mas precisou reconhecer sua insuficiência. Foi salvo, quando se curvou diante de Deus, confessando o Senhorio de Cristo. Ele e toda sua casa. Cornélio, passaria a viver pela fé, no Filho de Deus.

Que Deus, em sua eterna sabedoria, ilumine nosso espírito, para que possamos, compreender a relação entre "fé e obras", na salvação humana. Que nossas obras, sejam a concretização da vontade Divina, em nossas vidas, e que nós, quanto limitados, cumpramos com alegria e temor o desígnio Eterno para a nossa geração. Amém.

Wilma Rejane

2 comentários:

Joaquim da luz disse...

Muito bom o seu estudo e seu raciocínio. Realmente se você atende alguém com uma boa obra qualquer mas seu coração não está puro, você realmente ainda não sente amor, faz a boa obra por automatismo ou por raciocínio a felicidade ainda está longe de ti.
Entendo a fé como uma certeza em algo que te motiva a viver de alguma maneira. Discordo quando dizes que o bem sem fé não salva. O que é salvação? Para mim salvação é consciência tranquila, paz de espírito de feito o melhor, de ninguém ter chorado por sua causa.
Muitos acreditam que salvação é ir para um lugar ao lado de Deus no céu.
Simplório demais, na verdade a salvação é construída atravéz de milhares de anos, com muitas repetições, assim com Jesus ensinou por Nicodemos " Há que nascer muitas vezes", pois o que significa cem anos na eternidade - nada - é muito pouco tempo para se adquirir o direito de viver ao lado de Deus pela eternidade afora. Sei que quem acredita que vai direto para o céu sequer quer raciocinar em voltar outra vez, mas Deus não nos consulta sobre se autorizamos a Ele fazer Leis de tal ou tal forma - Enfim "Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir" verão e ouvirão - quem não tem.......
Jesus conosco
Paz

Unknown disse...

Com certeza a fé e boas obras têm de caminhar de mãos dadas. Tem de ser inseparáveis na prática cristã. Afinal Está Escrito em 1 Coríntios 13:13 que maior do que a fé a o AMOR, e o amor não vale nada sem as boas obras por amor ao semelhante.

Acaso Jesus não foi quem mais praticou as boas obras?

Curou, consolou, ressuscitou mortos, limpou leprosos, lavou os pés de seus amigos, ensinou, deu-nos exemplos de vida e sua maior obra foi a de dar a vida por seus amigos que somos nós outros.

Quando Jesus resumiu as 10 leis na lei do AMOR (resumir não é excluir), na sua sabedoria estava glorificando o amor de servidão aos semelhantes (boas obras).
Além disso, Jesus revelou-nos cristalinamente o caminho da SALVAÇÃO PELAS BOAS OBRAS E A CONDENAÇÃO PELA FALTA DELAS Mateus 25:31 a 44.

Na Parábola do Rico e Lázaro, Jesus mostrou a condenação pela falta de obras. Da mesma forma, mostrou ao Jovem Rico (Marcos 10:17) que a salvação tem duas condições sinequanon: A Obediência a Deus na guarda de seus mandamentos e a prática das boas obras de caridade aos semelhantes, principalmente aos mais necessitados.

Para finalizar, pela Parábola do Samaritano, Jesus nos revela que mais vale uma boa obra de caridade a um necessitado que orar por mil horas sob o teto de um templo, pois no templo a corrente é favorável, mas o verdadeiro cristianismo se revela LA FORA, no nosso dia a dia. Assim fez o Samaritano: no seu dia a dia, condoeu-se de um ferido grave, em meio às pedras, longe do povoado. Sem titubear, colocou o ferido em sua montaria, levou até um curador, pagou as despesas médicas e ainda se prontificou a pagar mais, se preciso.
Mas os dois personagens da Parábola preferiam fazer vistas grossas quanto ao homem ferido na desculpa esfarrapada que teriam de comparecer ao templo. Infelizmente ainda hoje existem muitos desses falsos religiosos do Senhor! Senhor!.e só isso....
www.segundoasescrituras.com.br Na página 2 deste site, há 7 arquivos que se completam entre si:
119 – O Tratado sobre as leis de Deus
146 Colossenses 2:16 fácil de entender
148 A maioria dos pastores evangélicos interpretam errado a Carta aos Gálatas
150 Absolutamente nada funciona sem leis
151 O fim da lei é Cristo, interpretado errado
152 Segundo Jesus, as boas obras são parte imprescindível para a salvação
153 Recado curto mostrando a verdade do sábado
154 - As sete verdades sobre o sétimo dia

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