Vasos de honra




Wilma Rejane

Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor:Desce à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem. Então fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de barro que ele estava formando se estragou-se em suas mãos; e ele o refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade". Jeremias 18:1-4

A época era de grande apostasia, ano 626 a. C  quando profeta Jeremias exortava a nação de Israel a se firmar perante o Senhor, arrependendo-se dos pecados . Israel não ouvia. As pessoas só queriam os profetas da paz, rejeitavam os profetas da disciplina, da correção. A voz de Deus não era reconhecida porque os ouvidos estavam acrisolados e inclinados para a própria vontade.

Deus então usa uma metáfora, pede para Jeremias visitar uma olaria e observar o trabalho de um oleiro. Vale dizer que através dos tempos o trabalho de confecção de vasos recebeu novas tecnologias, novos materiais (vidros, cerâmicas, bronze, etc). Contudo, a arte primitiva básica para a confecção de um vaso de barro, jamais mudou.

O que Deus estava falando para Israel? Em que essa mensagem do passado, pode ser útil para o presente? Pode ser útil de todas as maneiras ao considerarmos que o vento, o tempo, não apagam as profecias Bíblicas e elas são referências eternas.

Na Olaria

Para que o barro se transforme em vaso é necessário passar por alguns processos. Depois de colhido, o barro é peneirado e curtido ficando de molho na água para que saiam totalmente as impurezas. Depois disso, ele é pisado para eliminar as bolhas de água e criar elasticidade. Em seguida o barro é misturado com alguns materiais(palha, restos de outros vasos quebrados), o barro é colocado na roda do oleiro para moldagem e por fim é aquecido no fogo. 


Jeremias presenciou todo esse trabalho e com admiração viu que mesmo após o preparo do barro, alguns vasos se quebravam na roda do oleiro. Por que isso acontece? É que alguns tipos de barro apodrecem e não servem mais para ser vaso. Apesar de descartados da roda do oleiro, esse mesmo barro irá passar por mais um período de curtição até que esteja pronto novamente para ser um vaso melhor, mais forte e útil.

Traduzindo a metáfora

Em lições práticas para nossa vida, aprendemos que Deus é o Oleiro, nós somos o barro e essa roda do Oleiro é o tempo. Fomos feitos de barro e um dia ao barro voltaremos (Gênesis 2: 7 e Eclesiastes 12:7). O processo de curtição desse barro é como o trabalho do Espírito Santo em nossas vidas, como uma lavagem, santificação. “  Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade." João 17:17.

Vemos ainda, na lição do Oleiro, a Soberania de Deus no processo de moldagem e restauração dos vasos. Ele é absolutamente Senhor da “Roda do Oleiro”, do tempo e pacientemente constrói até do que se destrói. Ou seja: Deus é longânime em perdoar. Ele não nos rejeita pelas falhas e defeitos que temos, mas trabalha em nós, até que estejamos aptos a sermos úteis em servir ao Reino de Deus , sendo instrumento Seu no reino dos homens.

Há ainda um processo de ação e reação nessa olaria: se o barro é apodrecido; quebra-se na roda do Oleiro. A qualidade do barro define a qualidade do vaso. A nação para quem Jeremias dirigia a mensagem era como barro apodrecido e a reação de Deus para com eles era levá-los para Olaria a fim de serem tratados. Sim, toda aquela geração de Jeremias passou por um cativeiro sob o domínio Babilônico, alguns foram feridos, outros mortos, outros foram poupados e puderam, enfim, retornar para suas casas transformados e de corações tementes e gratos a Deus.


 Aprendemos que nos momentos críticos, de angústia, de dor, Deus está a falar. A olaria era processo de moldagem, quantos processos de moldagem não vivenciamos? Poderemos passar por eles convictos de que Deus nos fala, de que seremos fortalecidos, instruídos, ou poderemos esquecer Deus e apodrecer o coração em amarguras, ingratidão e revoltas. Descer a olaria para Jeremias foi constatar Deus na história. Um Deus presente, apesar do caos da nação. Um Deus amoroso que se entristecia pela ignorância do povo.

O que Deus queria de Israel? Um novo barro para novos vasos, vasos de honra!

A fragilidade do barro

Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.  Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos. “ II Coríntios 4:6-10

Deus tem poder para transformar histórias ( fazer novos e melhores vasos dos cacos), tem poder para fazer do fraco forte. Os versos de II Coríntios falam de “Tesouros em vasos de barros”, a aparência frágil do barro é convertida em fortaleza pelo conteúdo que abriga. O conteúdo é Cristo em nós. Se nos sentimos fracos, atribulados, perplexos, perseguidos, abatidos, dessas trevas resplandecerá a Luz, com excelência e poder que não reside em nós, mas no Cristo a quem servimos.

Excelência = huperbole (Strong 5236) =  lançar além.

O Evangelho, o Cristo Jesus que está conosco é além,  superior,  maior e mais excelente do que qualquer treva que tente nos ofuscar, nos fazer perder a direção.

Nas mãos do Oleiro

Assim, como vasos de honra, sejamos dependentes do Oleiro, sabendo que a força, o poder, e o tempo estão em Suas mãos. É Ele quem nos faz ir além, adiante, acima das circunstâncias.

Não era apenas Jeremias que tinha que “descer a casa do Oleiro”, mas todo o Israel para aprender sobre quem era Deus e os planos que Deus tinha para a nação. Os planos eram de paz porque a bondade e misericórdia do Senhor é essa excelência que brota diariamente do Seu trono de Graça. Justiça e juízo também são a base de seu trono e por isso disciplina, correções, santidade são pré-requisitos do Reino de Deus ( Salmo 84:14). Requisitos alcançados não por méritos próprios, mas por entrega,  como o barro entregue nas mãos do Oleiro.


Deus o abençoe

Um comentário:

Maurício de Souza Lino disse...

Caríssima! Paz fraterna!
Desejo de todo o meu coração ser um vaso nas mãos do Oleiro. saudações.