Wilma Rejane
"Todo reino dividido será arruinado" Mateus 12:25
O Jovem Charlie Kirk era ícone da juventude conservadora americana e após sua morte, se tornou conhecido mundialmente. Particularmente, nunca tinha visto qualquer referência à sua pessoa ou organizações, contudo, reservei algum tempo para assistir seus debates em campus universitários. Considerei sua metodologia de diálogo, semelhante à empregada por Sócrates em seus debates em praças públicas, quando captava atenção de dezenas e centenas de jovens atenienses. O filosofo utilizava a maiêutica, conduzindo os ouvintes a duvidarem de suas convicções ao buscarem respostas para seus questionamentos.
Charlie defendia com veemência a ideologia partidária de Direita, por considerar ser uma via consolidadora de valores cristãos. Fundador da "Turning Point USA" no ano de 2012, uma instituição que se denominava sem fins lucrativos, mobilizava diversas áreas da sociedade em direção ao conservadorismo. Há especulações de que Charlie kirk se apoiou na "Teoria das Sete Montanhas" para desenvolver seus projetos sociais. Para validar essas especulações, há declarações do próprio kirk em entrevistas e discursos. Por exemplo, afirmou em uma conferência, se referindo ao presidente Donald Trump :" Finalmente temos um presidente que entende as sete montanhas da influência cultural" (Discurso na CPAC - Conservative political Action Conference, 2020).
O assassinato de Charlie Kirk reacende um ponto crucial da inflamada disputa política entre os partidos de Direita e Esquerda que alcançou níveis extremistas a nível mundial, inclusive no Brasil. Considerando que nenhuma sigla partidária é capaz de cumprir a promessa de trazer verdadeira paz ao homem, uma vez que os viézes políticos não são as "artérias " principais de resolução aos conflitos humanos, mas meios deficientes de intervenção social, os debates sobre paz acabam por se tornar em verdadeira guerra.
As pessoas não deveriam resumir seus objetivos de vida à fazer parte da Esquerda ou Direita, politicamente falando. Contudo, a cada dia, é sobre isso que se ocupam os meios de comunicação e todos os outros meios capazes de promover debates, a igreja, inclusive, tem se tornado palanque, infelizmente. Observemos o Evangelho e constataremos que Jesus Cristo não se ocupou de debates políticos, Ele esteve nos mesmos espaços com Pôncio Pilatos, foi afrontado por ele, frente à frente, mas se manteve em silêncio, pela certeza de que Seu Reino não era desse mundo, de que sua missão era resgatar o pecador, abolir o pecado.
Quer dizer que o cristão deve se manter em silêncio diante dos problemas políticos? Não é essa a afirmativa, mas a de que o cristianismo não tem por objetivo principal o palco político partidário. Há grande engano em acreditar ou defender que o Evangelho está ligado à Esquerda ou Direita, há grande engano em apontar líderes terrenos como salvadores por identificação partidária. Os partidos e governos humanos devem se submeterem ao Evangelho e não o contrário. Contudo, em um mundo corrupto e caído, os partidos e governos deturpam as verdades e ignoram completamente o Evangelho em troca de poder e riquezas. E grandes plateias aplaudem a absorvem as ideologias como se fossem sua salvação.