Uma Copa de Outro Mundo




Alguns chamariam de antipatriotismo, outros de rabugice ou até indiferença, o fato é que pela primeira vez em minha história de torcedora, estou desanimada em torcer pela Seleção Brasileira, diga-se e para qualquer outra. Até as notícias sobre a copa me causam desconforto, mudo de canal. Meu esposo Franklin recentemente me advertiu: "Amor, deixa acabar a notícia".

Quem fica com o controle da TV é ele, mas em se tratando de copa, "cato" rapidinho a tecla de mudança de canal. Não estou sendo rude ou mal educada com meu esposo gente, ele nem é fã de futebol, sua paixão é Física e Química. Para vocês terem uma idéia, atendendo a um apelo dele, não mudei de canal enquanto estava sendo exibida uma matéria da seleção africana, assistimos juntos:

- Uê, o que é que o Parreira esta fazendo aí na seleção Africana?
-Respondi: Amor, ele é o técnico da seleção africana.
- Meu Deus, como é que eu não sabia! Faz tempo que ele ta na África?
- E por que é que estão com o uniforme da seleção Brasileira?
-Amor, as cores são as mesmas da nossa seleção.

Como vêem, o caso é bem sério. Na última copa até que apareceram alguns aparatos verde e amarelo aqui em casa, mas este ano de verde e amarelo mesmo só a camisa que meu filho mais novo recebeu de brinde ao fazer uma assinatura de revista Abril, tudo bem se ele não torcesse invictamente, todas as copas pela seleção Japonesa. É que ele é jornalista, de humor sarcástico, amante da filosofia e contestador.

O Banco Central não faz coro comigo em assunto de torcida, ficou tão emplogado com a copa que aproveitou a festa para aumentar os juros. Quem reclamou?! A felicidade "canarinha"anestesiou o impacto do desfalque no bolso. Tem político que ama esse período, “pinta, borda” e ninguém percebe, porque todos os olhares estão voltados para a copa. É meus irmãos, não sei se ficarei curada dessa aversão a Copa do mundo:

A FIFA proibiu manifestações de fé, o arcebispo Desmond Tutu declara na abertura do evento: “Tudo que está acontecendo é obra dos homens, viva Mandela! Sem ele não estaríamos aqui hoje”. Com todo respeito ao simpático arcebispo, premio Nobel da Paz, onde entra Deus nessa história? Para completar surge em um telão o número da cela em que Mandela esteve preso "46664". Acreditem o 666 parecia piscar endoidecido em minha direção: “È a copa dos homens”! O retrato do antropocentrismo estava bem ali, alimentando ainda mais minha desilusão com o evento. Se o Brasil for campeão prometo escrever algo mais animador.


PorWilma Rejane

Sorrir é preciso e
discordar as vezes é o remédio.
Quem disse que cristão não pode?

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