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O Senhor Deus dá força ao cansado e guia por novos e seguros caminhos |
Wilma Rejane
O Evangelho de João dedica alguns versos sobre o lenço e os lençóis que envolviam o corpo de Jesus no sepulcro
"Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu." João 20:3-8
Qual seria a intenção de João ao descrever esses detalhes do lado de dentro do sepulcro que acolheu o Cristo, Filho de Deus, por três dias? Há algumas afirmativas de que o lenço, devidamente dobrado à parte, sobre algum canto do sepulcro, teria relação com um costume judaico entre servo e Senhor. Os senhores que cuidadosamente deixavam o lenço dobrado sobre a mesa, após refeição, estaria confirmando que voltaria, que a ceia ainda não havia sido encerrada. Porém, não há confirmação sobre esse costume judaico. Não obstante a interpretação do lenço ser revestida de fé e esperança, ela carece de embasamento.
Por todo o Evangelho e até mesmo na última ceia realizada entre Jesus e os discípulos, não vemos nenhuma referência quanto a lenço dispostos sobre à mesa. O costume, na verdade, era o de lavar as mãos em talhas com água e depois enxugá-las com um lenço que deveria ser colocado sobre a mesa, ou almofada. Lembram de Jesus na festa de noivado? Ele transformou a água das talhas em vinho. Aquela água, era para lavar as mãos, os judeus eram muito cuidadosos sobre os costumes e observavam diligentemente essas normas. Daí vem Jesus, transformando água em vinho, usando as talhas. Como a dizer que o Evangelho era Nova Vida, Alegria, não tradição ou costumes, mas liberdade com novidade de vida! Não era o exterior que deveria ser limpo, mas o interior com a lavagem do sangue do Cordeiro de Deus.
"E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho." João 2:6-10
Mesmo aqui, quando as talhas são citadas, não há referência ao lenço ou guardanapo usado pelos judeus. O lenço era um elemento ligado a lei judaica e também está citado no Misná, livro de tradições judaicas:" Na hora da refeição deve-se abençoar o alimento e o vinho, lavar as mãos e enxugá-la com um lenço (guardanapo)" Mishnah. Lembremos que Jesus sempre fez duras criticas à tradição que "engessava" as pessoas em insensíveis padrões, fazendo-as escravas de regras e mais regras, agindo por obrigação e não com o coração. A tradição era um fardo que ao ser carregado desobstruía a consciência pelo cumprimento de um dever, porém fazendo esquecer do valor dos gestos despretensiosos e cheios de compaixão.
Voltando ao lenço e aos lençóis deixados no sepulcro. Eles não estavam jogados de qualquer forma, mas devidamente organizados, arrumados como se alguém tivesse tido o cuidado de assim deixá-los. Estavam lá, não foram esquecidos, mas deixados para trás com propósito. A palavra grega usada para o lenço, peça menor é: "soudarion ou sudário", pedaço de pano que envolvia o rosto de Jesus, tipo bandana. Vejam, o lenço aqui não é o mesmo usado nas refeições, mas próprio para enrolar a cabeça, este tem sido objeto de muitas especulações.
Os lençóis dispostos no sepulcro, estavam dobrados sob o chão. Sabe de algo formidável? Pedro e João creram na ressurreição de Jesus, mesmo sem vê Lo. O lenço e os lençóis eram provas suficientes de que Ele havia ressuscitado! E desmentindo a tradição do sudário, penso que nem lenço, nem lençol guardavam as marcas de sangue delineando a fisionomia e corpo de Jesus. Ele fora ungido com óleo, limpo , toda secreção removida, nada de sangue, tudo já estava estancado. Água e sangue era a composição do corpo de Jesus, uma anatomia diferente e sobrenatural que permitia sarar de forma eficiente. Não foi permitido lhe quebrarem os ossos e isso contribui para um bom estado de conservação. E outra: como é que o sudário dito real, dispõe a imagem até mesmo dos cabelos de Jesus avolumados se a pressão do lenço enrolado na cabeça não permite tal fato? Reconstituição? Se for, já não se valida como prova original, mas manipulada pelo homem, portanto passível de questionamentos.