Em Ramá, do outro lado das festas de natal.

Foto:Marcel Gauteroth- que lugar é esse onde não estou?



Wilma Rejane

Vivemos um paradoxo nessa época do ano. Enquanto famílias se reúnem em ceia comendo e bebendo, muitas outras famílias não sabem o que é ser família porque estão separadas, desestruturadas. Muitas, não sabem o gosto que tem um peru bem temperado assado no forno, porque amargam desemprego e miséria. Enquanto famílias se reúnem alegres e bem vestidas, outras estão separadas pelo ódio, pelos desencontros da vida, com roupas usadas o ano inteiro,por falta de dinheiro. Para muitas famílias e anônimos, solitários, as festas de natal revelam um lado impiedoso e nada solidário da humanidade: quem se importa com quem não pode viver essa festa em todos os seus pormenores? Quem se importa com quem está dormindo na rua,sem cobertor e distante da luminosidade suntuosa das imensas árvores coloridas, aquecidas por luzes que piscam? 

Um paradoxo...Liguei a televisão e ao ouvir o jornal da noite uma notícia me deixou comovida: muitas famílias na cidade de São Paulo estão desabrigadas pelas fortes chuvas. Muitas famílias tiveram que esvaziar suas geladeiras por falta de energia: sem ceia, sem casa, sem festa. Contudo, em muitas mesas haverá tanta comida que sobrará e o lixo se multiplicará nos toneis. Um paradoxo...Enquanto champanhes são abertos, lágrimas são disfarçadas, enxugadas em faces enrugadas, maquiadas. Tudo se tornou mais grave do que antes porque no silêncio dos sinos, dos tinos, a dor aumentou. O outro lado das festas de natal pode ser cruel,tão cruel quanto a escuridão que pairava no céu naquela noite em Belém da Judeia,até que veio a estrela guiando os sábios para um Salvador. Era um menino, uma criança de dois anos que escapará da matança de um rei enfurecido. Mães choravam seus filhos, era luto em Ramá, mas o broto de esperança havia sido preservado: Jesus.


O outro lado das festas modernas de natal também têm suas tragédias como a ocorrida em Ramá: choro,  dor,  luto, mas lembremos que foi em Ramá que se conservou o broto de Esperança.

E sem paradoxo...Natal é aquele que comemora a ressurreição de Jesus que anos mais tarde foi morto pela conspiração do mal, o mesmo mal que ainda assola , que está no coração de muitos homens promovendo guerras, misérias, maus governos, corrupções, injustiças. Mas a Esperança ressurgiu novamente. Os homens não puderam contê-la. Jesus ressuscitou! Por essa causa,  não podemos esquecer de que há favor, há graça de Deus sendo derramada a cada manhã sobre a humanidade e essa é a razão da vida! O Grande Motor da vida é Deus e através dEle poderemos olhar para toda desigualdade do mundo sem deixar morrer a realidade de que sempre haverá uma mãe estendida,um colo acolhedor. Sempre haverá um broto ressurgindo pela força das águas, do Espírito Santo.

Olhemos para a Palavra de Deus,um Salmo em especial,o de número 23, ele diz: " Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam." (verso 4). Ainda que é uma indicação de que não havia motivos aparentes para acreditar, a circunstância era terrível,mas a fé em Deus prevaleceu. E nesse Natal é essa alegria que enfatizo. A alegria do sobrevivente em Ramá,do Broto. Ainda que...  Conservemos a fé em um Deus que nos enviou um Salvador para que tivéssemos vida eterna e vida terrena de ânimo e paz no coração: " Em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo."João 16:33

Que o outro lado do natal seja de histórias transformadas, que em meio aos Ramá's da vida hajam sempre brotos ressurgindo, sobrevivendo e frutificando para glória de Deus.

Amém.

Um comentário:

Pr Joice IEQGoianira disse...

Gloria a Deus ,Ele o nosso Rei sobreviveu pra sermos hoje portadores dessa Esperanca,Maranata ora vem Senhor Jesus enxugar dos nossos olhos todas as lagrimas...