Além da vida, e da morte.




Wilma Rejane

“E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o à sua mãe.” Lucas 7:12-15

Esta é uma mensagem para quem está no limite; “entre a porta da cidade e o território que resguarda os mortos". Jesus encontrou uma mulher nestas condições. Uma viúva, prestes a enterrar seu único filho. Deixar a cidade pra ela tinha um significado terrível: seria deixar a esperança, a expectativa de um futuro promissor, afinal, ela voltaria vazia. Seu único filho, morto, enterrado e com ele seus sonhos de felicidade. E eis que Jesus aparece, naquela zona limítrofe, naquele território, divisor de espaço, tempo e situações.

“Não chores, mulher” (Lucas 7:13).

O choro da viúva de Naim era carregado de lembranças. Do marido morto, do filho morto, da vida que já não teria o mesmo sentido. E Jesus compreende suas lágrimas. Toca no esquife do caixão e ressuscita o filho daquela mulher. O poder da morte fora dissipado. De volta à vida, de volta a cidade. O território dos mortos teria que aguardar mais alguns anos. A viúva e seu filho ainda teriam muitas sonhos para realizar. Jesus é o Senhor da vida, é por Sua Palavra que a morte dá lugar a vida.  Pode ser que a situação tenha chegado ao limite da dor, quando as palavras são insuficientes e somente o choro é capaz de expressar os sentimentos. Mas à porta da cidade Jesus está. Um encontro pessoal com Ele fará toda a diferença!

Você está  nesse território limítrofe? A dor das perdas, o choro, é mais latente e constante do que a alegria de viver? Deus pode e quer mudar essa história, assim como mudou a da viúva de Naim.


Sabe, algumas pessoas seguiam aquela viúva, choravam com ela, seguravam o esquife do caixão. Estas pessoas iam no mesmo sentido da morte, é esse o curso natural do mundo. Da manhã à noite, a vida sem Cristo conspira para os territórios de morte. Mas há um lugar melhor, um divisor onde flui a esperança para além da vida e da morte: esse lugar é o próprio Cristo. Também pode acontecer que mesmo com Cristo atravessemos esses territórios limítrofes. Quando isto acontece, acreditemos que em algum momento Ele ressuscitará a esperança que parecerá perdida.

“Quem dera que me escondesses na sepultura, e me ocultasses até que a tua ira se fosse; e me pusesses um limite, e te lembrasses de mim!” Jó 14:13

Jó queria um limite para sua dor. Ele não queria atravessar “as portas da cidade”. Pensou que Deus havia esquecido dele. Mas estava enganado. 

Queridos leitores, não há melhor lugar para se estar a não ser escondido em Deus. Pode ser que calamidades nos alcancem. Deus também nos alcançara. Assim como viu as lágrimas da viúva de Naim, vê as nossas lágrimas. Se o território da felicidade parece distante, saibamos que é justo neste lugar que Jesus nos encontrará. Nessa zona limítrofe Ele nos socorrerá.  Como e por quê afirmar que o sofrimento acabará? A vida de um cristão não é, nunca será uma busca inútil por felicidade. E felicidade aqui, não significa realização pessoal ou receber o que se quer. Significa servir. E servir tem o sentido de realizar a vontade de Deus para nós. Essa vontade nunca se dá de modo egoísta, tem a direção da cruz, nos liga a Deus e ao próximo.

Será que ao ressuscitar o filho da viúva de Naim, apenas aquela mulher fora restaurada? Claro que não,  alguns dos presentes deram glórias a Deus e foram profundamente tocados pela ressurreição do jovem. É verdade que nem todos os mortos serão ressuscitados, literalmente. Por isso, destaco, que o cerne principal da mensagem sobre a viúva de Naim, não é somente a ressurreição do filho, mas o poder de Jesus sobre a morte e a possibilidade ímpar que Ele tem de devolver a esperança considerada perdida. Por estas coisas, é que não devemos desistir de servir a Deus, de sermos gratos, mesmo na angústia.

Façamos aqui um paralelo entre a viúva de Naim e Jó a quem Deus não ressuscitou os filhos mortos, mas concedeu-lhes outros filhos. É sobre isto que falo, que pretendo transmitir. A vida com Cristo flui em nós restaurando o que se perdeu. E o que se perdeu não ultrapassa aquele território da porta da cidade, pois Jesus a guarda, Ele aguarda para amparar seus filhos concedendo-lhes a renovação das forças, da fé, da alegria. Além da vida e da morte.

Deus o abençoe.

Outros estudos do blog sobre a viúva de Naim:
A Linguagem do choro em Naim
O filho da viúva de Naim

Um comentário:

Primavera disse...



Oh meu bom Deus, Tú és amoroso e poderoso!

Grata por esse estudo simples e profundo que me aproximou do amor de Cristo, oremos, confiemos a Ele " os mortos" levados por situações desse mundo e Ele há de operar.

Deus abençoe a todos que fazem este blog.