A Nudez na perspectiva Bíblica



Wilma Rejane

Então, deixando-o, todos fugiram.E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão.Mas ele, largando o lençol, fugiu nu. Marcos 14:50-52

Esse artigo não tem a intenção de desvendar a identidade do jovem nu, isso já foi feito em dois artigos publicados no blog anteriormente e que podem ser lidos Aqui e Aqui. O objetivo é trazer outra perspectiva, algo que ainda não havia visto em nenhum outro artigo ou sermão sobre a referida passagem do Evangelho. 

O  jovem, citado apenas no Evangelho de Marcos  se cobria apenas com um lençol e em determinado momento larga o lençol e foge. Todos os demais que seguiam Jesus já haviam fugido, o calvário se aproximava, os guardas romanos haviam capturado Jesus.O jovem nu foi alguém que resistiu mais um pouco. Ficou a sós com Jesus como quem desejava Sua presença e atenção,  se destacou na cena porque se apresentou de um modo singular, incomum. Aquela nudez não denotava indecência, pobreza, mas humilhação, flagelo interior. Aquele homem sofreu por algo que não nos compete saber, mas por insistir em seguir Jesus, tudo indica que ele sabia, reconhecia,  que Jesus tinha uma resposta para ele.


O sofrimento humano é como aquele homem nu a caminho do Calvário,  desnuda a alma no sentido de tornar o homem consciente de sua limitação ou inconsciente dos motivos que o levaram a tal sofrimento. O justo Jó, ao sofrer sobremaneira, em determinado momento declarou: "Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei.” Jó 1:20,21. Jó confessou uma condição de total dependência, de uma humanidade passageira com significado pautado em algo maior, aquém de qualquer bem terreno. A declaração de Jó refletiu a consciência de um homem que conheceu o sentido da vida, mesmo desconhecendo os motivos de sua dor. 

Aquele jovem nu é como qualquer um de nós, pois, a caminho do calvário todos se igualam, não há rico ou pobre, rei ou escravo, não há ouro, prata, linho o que seja que nos torne melhores ou piores do que nosso semelhante.  Seu lençol jogado ao chão, para mim está como um paradoxo: estando totalmente nu, ele se achou completo, pois teve a certeza de que Cristo era de fato seu tudo! Embora a narrativa não afirme ou cite detalhes,  imagino que Jesus se voltou para aquele jovem e disse algo que preencheu seu ser de modo que ele sai de cena coberto da graça Divina.

Cada um de nós tem seu calvário pessoal, é impossível viver nessa terra e não padecer de qualquer dor. Ao olharmos para nosso sofrimento teremos a impressão de que ele é maior do que o de outras pessoas, contudo, se estamos com Cristo, precisamos acreditar que Ele nos ampara e nos faz crescer diante do que nos aflige. Precisamos recordar do amor de Jesus, pois é Ele que nos cobre de cuidados, Sua eterna graça é como um manto que nos aquece.

Se temos calvários a enfrentar, que sejam com Cristo e que nossa nudez não seja de vergonha por pecados (Apocalipse 16:15), mas de consciência de que somos  absolutamente dependentes de Deus e mesmo não conhecendo os motivos de nossos sofrimentos, tenhamos a certeza de que Jesus nos cobre de graça e amor, de cuidado e providência. 

Deus é bom,


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