Por João Cruzué
O profeta Ezequiel nos mostra uma linda visão no capítulo 47:
um pequeno fio de água saindo do templo que vai crescendo, crescendo, até se tornar um rio
profundo e cheio de vida. Assim é a graça de Deus: quanto mais nos deixamos
levar, mais percebemos que não há limites para aquilo que o Senhor pode fazer.
O detalhe do rio que vai crescendo aos poucos mostra que a
vida espiritual é um processo. Primeiro, Ezequiel anda com água nos tornozelos,
depois nos joelhos, até chegar ao ponto em que não consegue mais atravessar
andando, mas precisa nadar. Esse crescimento simboliza como nossa caminhada com
Deus nos leva de passos simples até mergulhos mais profundos. No começo podemos
estar apenas tocando a superfície, mas o convite do Senhor é para irmos além,
até que não confiemos mais em nossas próprias forças, e sim na correnteza da
sua presença.
As águas do rio não apenas aumentam, mas também trazem vida.
Onde passam, árvores florescem, frutos aparecem e até o mar Morto é
transformado em um lugar fértil. Isso nos lembra de que, quando Deus age, até o
que parecia seco e perdido pode voltar a ter esperança. Jesus usou palavras
parecidas quando disse que quem crê nele terá rios de água viva fluindo de
dentro de si (João 7:38). O que Ezequiel viu como uma promessa futura, hoje entendemos
cumprido em Cristo, fonte inesgotável de vida para todo discípulo.
Essa visão também nos fala sobre esperança prática. Talvez
existam áreas em nossa vida que parecem como o mar Morto: sem saída, sem
movimento, sem futuro. Ou como o Deserto da Judeia. Mas, quando o rio de Deus
chega, nada continua igual. Ele cura, restaura, reconcilia e enche de fruto
onde só havia esterilidade.
O que parecia impossível, Deus transforma em lugar de
abundância. Assim como as águas que brotavam do templo, a presença de Deus quer
alcançar o mais profundo da nossa realidade e trazer renovação completa.
O rio de Ezequiel 47 é, na verdade, um convite. Ele nos
chama a sair da beira e a entrar cada vez mais fundo, até que não possamos mais
controlar os passos sozinhos. É um chamado para deixar que Deus nos conduza,
mesmo quando não sabemos exatamente para onde o rio vai nos levar. É nesse
abandono confiante que experimentamos o começo da plenitude da vida espiritual onde
vamos descobri que há muito mais em Deus do que poderíamos imaginar.
Ezequiel nos mostra que a vida verdadeira
só existe quando somos alcançados pelo rio que vem de Deus. Essa água começa
pequena, mas logo cresce e nos envolve por completo. Ela cura feridas, traz
esperança onde parecia não haver mais nada e transforma desertos em jardins. O
convite é claro: não fique apenas na beira onde apenas molha os pés, entre mais fundo porque é seguro mergulhar neste rio.
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