Os soldados disputaram as vestes de Jesus




Wilma Rejane

João 19:23-24 "Então os soldados, quando eles tinham crucificado Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte, e também a túnica. A túnica era sem costura, tecida em uma peça. Pelo que disseram entre si: "Não vamos rasgá-la, mas deitemos sorte sobre ela, de quem será", para que a Escritura se cumprisse : "Eles dividiram minhas roupas entre si, e para a minha túnica lançaram sortes. " Cumprimento da profecia do Salmo 22:18.

Havia uma lei romana que as roupas usadas pelos condenados na hora da execução, se tornavam propriedade dos executores. Assim,os quatro soldados que acompanharam Jesus em sua crucificação, dividiram entre si suas vestes. Um homem judeu, da época de Jesus, normalmente usava quatro peças de roupa: turbante, cinto, túnica e capa externa. A capa externa usada por Jesus foi confeccionada de forma cuidadosa e especial, de modo a identificá-Lo como um sumo sacerdote. Nela não havia remendos nem costuras laterais. Esse modelo de veste pode ser visto no livro de Êxodo:

"Também farás o manto do éfode, todo de azul. E a abertura da cabeça estará no meio dele; esta abertura terá uma borda de obra tecida ao redor; para que não se rompa. E nas suas bordas farás romãs de azul, e de púrpura, e de carmesim, ao redor das suas bordas; e campainhas de ouro no meio delas ao redor." Êxodo 28:31-33

Esse era o manto usado pelos sumos sacerdotes, autorizados a oferecer sacrifícios a Deus em favor do povo. Jesus vestia esse manto sem costuras e com franjas nas bordas. A ausência de costuras na peça, indicava integridade espiritual, pureza. As franjas nas bordas era recomendação Divina, para todo israelita, confeccionada na cor azul e branca, simbolizava o céu. Ao olhar para as franjas, os judeus deveriam recordar de que havia um Deus e seus mandamentos não poderiam ser esquecidos. A diferença entre as bordas das roupas de um judeu comum, para as bordas das roupas do manto dos sacerdotes estava nos adereços: pequenas campainhas em ouro puro e romãs bordadas, indicando vigilância e suavidade, bálsamo.

Havia outros detalhes nas vestes sacerdotais, por exemplo o peitoral com pedras preciosas, Urim e Tumim, significando respectivamente Luzes e Perfeição. Essas pedras eram usadas em ocasiões especias para julgamentos, como prova da imparcialidade humana e direção de Deus, as pedras eram lançadas e interpretadas como mensagens de Deus. Não devemos somar ao Urim e Tumim, atributos supersticiosos e aleatórios, foram criados para serem carregados no peitoral dos sumos sacerdotes, como providenciais ordenados e sob responsabilidades sagradas.

O peitoral com doze pedras foi usado pelos sumos sacerdotes no Antigo Testamento, as doze pedras simbolizavam as doze tribos de Israel. O peitoral com Urim e Tumin deixou de ser usado no ano 607 antes de Cristo, quando o templo de Jerusalém foi destruído. 

Fizemos todo esse passeio pela história do Antigo Testamento, da aliança entre Deus e Israel, para compreendermos o significado das vestes de Jesus, que mereceu destaque em todos os Evangelhos: Mateus 27:35, 36, Marcos 15:24, Lucas 23:34, João 19:23, 24.

Na hora da crucificação

Quatro soldados romanos repartiram entre si as peças do vestuário de Jesus, como o manto era sem costura, remendos, não podia ser desfeito. Rasgar tiraria seu valor, então decidiram sorteá-lo para ver a quem pertenceria. Depois dessa narrativa, não sabemos o destino do manto, com quem ficou e para que serviu. O certo é que ele estava na cena da crucificação, sendo disputado pelos soldados, que souberam reconhecer ser uma veste de alto valor. Nos evangelhos, encontramos uma outra pessoa que soube reconhecer através das vestes de Jesus, que Ele era um Sumo Sacerdote. Esta pessoa ficou conhecida como “AMulher com fluxo de sangue”.


Ela fez um esforço enorme para tocar na orla da veste de Jesus, no azul celeste com campainhas douradas e romãs bordadas. Não era uma orla tão larga quanto a orla das vestes dos fariseus, alargadas para dizer ao povo o quanto eram importantes e sábios. A orla do manto de Jesus era discreta, apenas um detalhe que passava desapercebido por causa da grandeza do seu Ser. Quem olharia para a orla da veste de Jesus, se eram de seus lábios que emanavam a maior grandeza? Quem olharia para a orla de suas vestes, se Sua postura amorosa, confiante e justa era sobre excelente?

A mulher com fluxo de sangue percebeu os detalhes da veste de Jesus e tocou-a com fé, acreditando que Jesus era o Sumo Sacerdote, Divino e poderoso prometido pelos profetas. E ela foi salva e curada.

Já os soldados romanos despertaram para o valor comercial do manto de Jesus, sem sequer perceber que tinham em mãos uma peça simbólica de Sua santidade. Disputaram-na como o bem mais precioso do momento. O que esse fato nos ensina?

Jesus estava tão perto daqueles soldados, embora eles estivessem executando um trabalho injusto, impiedoso, tiveram o privilégio de estar frente a frente com O Salvador de nossas almas. Bastava terem olhado para a cruz, darem um passo de fé em direção a cruz e feito uma oração para sentirem que aquele homem era diferente de todos os outros, Ele era O Cristo! Mas escolheram olhar para as vestes, lançando sortes sobre elas.

Amados leitores, quantos homens não estão perdidos, desprovidos da Salvação por se recusarem olhar para a cruz examinando as Escrituras? Muitos, multidões. A forma como os soldados disputaram as vestes de Jesus alude à pessoas que utilizam coisas sagradas apenas para interesses pessoais, alude à cegueira espiritual em detrimento da exaltação do material.  

O manto sem rasgas, sem costuras, não cobriu a Jesus no momento da crucificação porque Ele ali estava carregando os meus e os seus pecados. Ele se despiu do manto sacerdotal, para que nós, fôssemos cobertos por ele:

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia." I Pedro 2:9-10

A riqueza das vestes sacerdotais foram lançadas aos pés da cruz para nos cobrir! Cobrir nossa alma, nosso ser, aquecendo nossos corações pelo inigualável amor de Cristo. Jesus se esvaziou, se angustiou, para nos alegrar. Ele é a nossa paz, conquistada com Seu próprio sangue:

"A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado." Isaías 61:3

As sortes lançadas sobre as vestes de Jesus nos ensinam a não desprezarmos a Palavra de Deus, a conferir as profecias, a olhar para a cruz e o Cristo crucificado como o maior e mais importante acontecimento da humanidade. Os soldados romanos não conheciam o significado daquelas vestes, eles desprezaram os sinais que se cumpriam sob seus olhos. Não podemos afirmar se algum soldado levou as vestes para casa sendo atordoado em consciência, forçosamente conduzido a observar os sinais e chegando à Salvação. Nada mais sabemos além do que está escrito.

Não pensei que as vestes de Jesus, disputadas na cena da crucificação, ensinassem tantas coisas sobre Seu amor por nós . Aqueles soldados também não imaginavam que isso pudesse acontecer, afinal, as vestes eram apenas um detalhe, um simples detalhe diante do magnífico plano de Salvação presente naquele  corpo frágil e ferido pendurado em um madeiro (João 3:16). 

Deus o abençoe.

Um comentário:

Unknown disse...

Excelente mensagem!!!

Deus em Cristo continue lhe usando e lhe capacitando.

Deus seja louvado ����

Att, Pr. Erick Alves